sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Relato do meu parto - As últimas horas doem....

Dizem que nascer dói.
Dizem que ao nascer um bebê nasce também uma mãe.
Todo o processo de nascimento além de estressante é também dolorido. Tanto para o bebê como para a mãe.
Confesso que esse processo do meu nascimento como mãe está bem dolorido sim.
São dores em lugares que nem imaginava existir, as costas doem, a bunda dói, a barriga parece que vai arrebentar de tão pesada e que a qualquer momento o útero irá estourar. Dói para levantar, dói para dormir, dói para caminhar, para sentar, para rir, dói para chorar.
Essa é a parte física, mas e a psicológica?
Esse nascimento materno dói viu.
Dói de medo, dói de susto, de ansiedade. Dói de tantos "e se", de "serás" e de "mas". Dói de passividade pelo desconhecido e de ativo pelo futuro.
Dói no peito e dói na mente.
Dizem que o homem só entende a paternidade quando o bebê nasce. Eu sou o homem na maternidade. A ficha está caindo, e não está sendo curto esse caminho. Agora é que estou entendendo que a partir de amanhã não tem mais volta: EU SEREI MÃE!!!
Até agora ser mãe era subjetivo e inanimado, por mais chutes e remelexos que sinto, sou mãe da minha barriga, que levo para todos os lugares, que sei que está bem alimentado, bem cuidado e protegido, tendo tudo que precisas aqui dentro. Meu filho é minha barriga.
Amanhã, ou melhor, dentro de poucas horas serei mãe do Gabriel, um serzinho com vontades, necessidades e personalidade, próprios e intransferíveis.
Dói essa ansiedade de estar na maternidade, de fazer toda a preparação, de olhar o relógio, de poder escutar o choro da vida.
Dói o desconhecido. Dói as dúvidas. Como ele será, como serei, como nós seremos. O que vamos fazer, como dar garantias, dar segurança, dar amor. Será que tudo isso é suficiente? Será que vai bastar? E se eu não for boa mãe? E se eu não conseguir fazer ele feliz? E se eu enlouquecer? Mas ele vai dormir? Mas eu vou conseguir amamentar? Mas como será daqui para frente?E se eu quiser colo? Quem vai me dar consolar? Quem vai me amparar? Eu ainda tenho esse direito?
Porque no momento que nos tornamos mãe/pai perdemos o direito a fraquejar, a ter medo, a ter dúvidas.

Quando fui me dar conta disso? Apenas hoje quando vi que faltavam poucas horas para o Gabriel estar em meus braços. Agora a ficha está caíndo. Agora estou entendendo que serei mãe. Agora está doendo. Doendo de medo, de ansiedade, de dúvidas. Loucura, insanidade.
Ninguém me avisou que seria assim, ninguém me disse como dói esse parto que não tem anestesia, ou respiração, ou meditação que alivie.
Ninguém me disse que dormir filha e acordar mãe fosse tão difícil e dolorido.
Ainda bem que tudo isso acaba quando o momento mais importante e sublime da minha vida acontecer: quando o Gabriel sair da minha barriga e eu puder escutar o choro dele tenho certeza que meu nascimento será completo, rápido e indolor.

Vou agora para meu nascimento. Entro como filha para nascer mãe.

2 comentários:

  1. Mesmo avisando, a ficha só cai nesse momentinho aí. Nesse momento único de renascimento. Confie em vc. A alegria de superar essa dor, esse medo, esse renascimento é o que nos faz leoas. Bem vinda ao mundo das mamães. E conte com a gente, quando precisar. CONTE COM A GENTE. Vc vai ser uma mãezona, tudo que o Gabi precisa em em vc: amor. Bjos de quem está aqui pro que der e vier

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  2. querida, exatamente, que momento de nascimento/renascimento único, indescritível e intransferível.

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